quarta-feira, 26 de junho de 2013

Deixar ir

  Hoje me peguei pensando no quão difícil é sair da vida das pessoas e deixa-las sair da sua também.
  É difícil ter coragem de abandonar o conhecido e seguir rumo ao desconhecido. Confesso que em algumas áreas da minha vida adoro isso, adoro perder controle, desbravar algo que não tenho ideia do que seja.
  Adoro ir para empregos novos, encarar novos desafios, fazer coisas que nunca fiz na vida e nunca me imaginei fazendo, adoro pegar ônibus e ir para um lugar desconhecido, lembro-me de uma viagem que fiz a noite, sozinha, saindo de uma cidade que eu não conhecia rumo a outra que eu conhecia menos ainda, a cada metro que o ônibus andava lembro-me do meu olhar maravilhado, eu ali totalmente sem rumo, indefesa, indo até um lugar que eu tinha menor ideia do que tinha lá, lembro-me como ao vivenciar isso, meu corpo foi tomado por uma sensação de liberdade, como se o mundo inteiro estivesse ali, me esperando, um mundo que eu não conhecia me aguardava e quanto tempo eu havia perdido estando apenas em mundo conhecidos, em terras firmes.
  Agora, tirando esse meu lado aventureiro e corajoso com lugares, passeios e trabalhos, tenho imensa dificuldade em deixar as pessoas saírem da minha vida.Confesso que já fui bem pior, me recordo na época de adolescência o quão difícil me era compreender que algumas pessoas ficam um determinado tempo em nossas vidas e depois seguem outros rumos, como era dolorido, hoje encaro com muito mais naturalidade, algumas pessoas que gostamos, que gostam de nós, porem a vida as levam para caminhos diferentes.
  Bom agora o que eu realmente não sei lidar definitivamente é com a ida de um amor, isso nem na adolescência, nem na fase adulta, na verdade permaneço com a mesma dificuldade em se tratando de términos, de encerramentos.
  É até engraçado pensar em "deixar" as pessoas irem, como se elas pedissem nossa autorização para ir embora de nossas vidas, elas não pedem, elas simplesmente vão e a gente ainda fica pensando em como "deixa-las" ir.
  Há coisas que não são tão optativas assim, elas acontecem, sem que a gente espere, sem que a gente concorde, sem que a gente deseje, elas simplesmente acontecem e agente tem que arrumar algum jeito de aprender a lidar com elas.
  Sempre penso em términos de relacionamentos amorosos, dificilmente termino é concesso, dificilmente o amor acaba para os dois na mesmo momento, dificilmente eles se desligam no mesmo momento, geralmente um vai e o outro fica lá tentando arranjar um jeito de ir também para algum lugar qualquer.
  E como "deixar" ir quando a gente ama?Quando a gente deseja?Anseia?Espera?
  Como deixar ir, quem a gente sempre esperou, quem a gente aprendeu a lidar, a gostar, a amar, a admirar e a querer?
  É claro que depois da primeira desilusão a gente descobre que ninguém morre de amor, tenho medo de afirmar isso, mas posso afirmar então que dificilmente alguém morre por amor, a gente aprende com o tempo, que na vida de algumas pessoas virão vários amores, avassaladores, arrebatadores, e que todos irão embora, até que chegue alguém que deseje, possa e que queria verdadeiramente ficar.
  Enquanto isso, acontecerão vários encontros, uns lindos, outros nem tão lindos assim, mas cada um deixando um pouquinho de aprendizado,  e nos ajudando a realizar nosso restauro natural.
  Possivelmente vários desencontros serão doloridos, e deixarão marcas, porem, o sábio tempo, nos auxilia, nos fortalece até que apareça outro encontro e assim vamos nos encontrando, nos desencontrando, nos perdendo e nos achando.
  Mesmo sabendo desse ciclo quase natural da vida, dói "deixar" alguns encontros se tornarem desencontros, mesmo sabendo que novos encontros estão por vir, que desencontros passados doeram tanto ou mais que esse, dói.
  Dói o cansaço da espera, da expectativa, da vontade, da ansia de viver.
  Dói querer viver um grande amor, querer dividir, aprender e reaprender dialeticamente.
  Dói criar intimidade, liberdade.
  Dói saber o quão difícil é construir uma relação e de repente saber que essa se foi e que teremos que construir tudo de novo, é claro que o novo trás alegria, descobertas, mas trás também o cansaço da caminhada.
  Cansa a falta de pessoas que estejam na mesma "vibe" que a gente.
  Cansa a falta de inteligencia, falo inteligencia genericamente, inteligencia de vida, inteligencia no sentido de falar com gente que nos ensine algo, que nos faça crescer, que nos mostre algo novo.
  Cansa saber que talvez o ciclo natural da vida seja esses encontros e desencontros, quando você deseja a ternura do encontro e a sapiência para a permanência.
  Cansada ou não, desejando ou não, esperando ou não, concordando ou não, a vida é assim e não nos resta outro jeito, além de deixar ir quem deseja ir.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Des amor

 Após muito tempo volto aqui para falar de algo que QUASE nunca falei, o tal do amor.
  Demorei tanto tempo pra voltar que a história parece que teve apenas começo e fim. É hoje vim falar do fim.
 Já falei sobre duvidas, alegrias, amor, desamor, dúvidas, medos, carinhos e hoje continuarei falando da duvida.
  Acho engraçado o quanto a gente nunca sabe exatamente aonde as coisas começam e nem aonde elas terminam e muito menos quando terminam.
  A gente não sabe dizer exatamente quando a gente se apaixonou, se foi através de um ato romântico, de uma ligação, de uma mensagem, de um olhar ou simplesmente sem qualquer razão aparente.
  E a gente também não sabe aonde as coisas de perdem, quando perdem sentido, quando perdem o valor, quando tudo muda de cor.
  A gente nunca sabe quando será o ultimo beijo, o ultimo encontro, a ultima noite de amor, a ultima gargalhada e o ultimo olhar apaixonado, a gente só sabe que infelizmente ou felizmente tudo nessa vida acaba e não pensem vocês que essa certeza nos ajuda em alguma coisa, pois não ajuda em nada, na hora da dor ela aparece como uma constatação distante e pequenina diante da grandeza da dor.
  E o que fazer quando as coisas acabam? Como aceitar que elas acabaram? Como se abrir para os próximos passos? Próximas pessoas? Próximas histórias?
  Como é difícil trabalhar com esses dois lados, sendo que o coração deseja ficar aonde está ou melhor aonde estava e a razão te faz pensar em seguir em continuar.
   Como seguir se seu maior desejo é voltar?
  Como seguir quando você descobre que gosta mais do que gostaria, que dói mais do que imaginava e que você acredita mais do que precisava.
  Às vezes da vontade de voltar no tempo e congelar alguns momentos e aproveitar mais e mais, mesmo sabendo que você realmente aproveitou muito.
  Às vezes da vontade de apagar tantas brigas bobas, quantos minutos, horas e dias disperdiçados com discussões infindáveis, com raivas, conflitos, tudo isso podia ser substituído por bons beijos, abraços apertados, suspiros e muita risada.
  É claro que esses momentos servem de aprendizado, mas a gente podia evoluir com mais maturidade e menos infantilidade.
  Em fim, estou aqui oras querendo que a racionalidade prevaleça oras querendo que o amor fale mais alto, a única certeza é de que não sei quais serão os próximos passos e que espero ter sabedoria para compreender que ele é o melhor passo que podia ter sido dado.
  Bom agora é esperar o próximo post para saber para que lado as coisas caminharam e prometo não demorar tanto pra escrever para não ficar registrado apenas o começo e o que hoje chamo de fim.